Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar,desamar,amar?
sempre,e até de olhos vidrados,amar?
Que pode,pergunto, o ser amoroso
sozinho,em rotação universal,senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz a praia,
e o que ele sepulta,e o que,na brisa marinha,
é sal,ou precisão de amor,ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor,um chão de ferro,
e o peito inerte,e a rua vista em sonho, e uma ave de rapinha.
Este o nosso destino:amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente,de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,e na secura nossa
amar a água implícita,e o beijo tácito, e a sede infinita.
Lorena Cristine 1º 4
segunda-feira, 22 de março de 2010
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